sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Revelando craques e gerando lucro, base tricolor ainda falha na disputa por títulos

Kaká, Oscar e Lucas foram as principais revelações do São Paulo na última década e renderam ao clube, juntos, nada menos do que 69,4 milhões de euros (mais de R$ 183 milhões). Ainda assim, quando passaram pelas categorias de base da equipe tricolor, não deixaram tantos resultados em termos de títulos - no total em competições oficiais foram apenas quatro: duas Copas São Paulo (2000 e 2010), um Torneio Blue Star (Mundial da Fifa, 2000) e um Paulista de Juniores (2011).

Considerando que cada um deles ficou pelo menos cinco anos nas categorias de base são-paulinas, é possível notar que, apesar do retorno financeiro ter vindo, os três craques tricolores deixaram um pouco a desejar nas conquistas. O exemplo deles tem se repetido com certa frequência no time do Morumbi que, mesmo lucrando muito com outras negociações - como as do zagueiro Breno com o Bayern de Munique, em 2007, do meio-campista Hernanes com a Lazio em 2010 - ainda quer ver o retorno dos grandes investimentos feitos recentemente na formação de jogadores em conquistas. 

O maior desses investimentos foi justamente o Centro de Treinamento de Cotia, construído a 30 Km da capital paulista e inaugurado em 2005 com a estrutura completa para abrigar as categorias de base do São Paulo - incluindo um estádio para 1500 torcedores que abriga os jogos das equipes de juniores. Tomado como referência no país, o local chegou até a abrigar a seleção brasileira neste ano e é o maior orgulho do atual presidente Juvenal Juvêncio, que é um dos grandes incentivadores da base dentro do clube.

Ainda assim, os investimentos feitos não retornaram em forma de títulos. Desde que o Centro de Formação de Atletas, em Cotia, foi criado, há sete anos, o São Paulo teve apenas quatro conquistas (uma Copa São Paulo, um Paulista sub-20, e duas Dallas-Cup). A situação ‘enfureceu’ de vez o presidente são-paulino justamente em 2012, quando a equipe tricolor acabou eliminada da Copa São Paulo de Futebol Júnior - uma das principais disputadas pelos juniores - ainda na primeira fase do torneio.

“Tive uma grande decepção com isso. Os garotos me decepcionaram e vou tomar providência. Não engulo. O que vou fazer? Não sei. Tenho que pensar com calma, porque agitado eu faço besteira. Mas vou fazer”, disse Juvenal no início do ano.

E o presidente são-paulino realmente tomou providências. Um mês após a eliminação precoce na Copinha, o clube tricolor anunciou a contratação de René Simões para a diretoria técnica das categorias de base. O treinador seria o responsável por cuidar de todos os processos de formação de atletas no CT de Cotia e também por fazer a transição dos garotos para a equipe profissional. 

René, que também teve passagens como técnico da base da seleção brasileira nos anos 80, assumiu sua nova função em fevereiro e logo começou a trabalhar em mudanças para transformar os talentos que estavam nos juniores em um time competitivo para disputar títulos nas categorias. Isso porque o treinador trouxe um novo conceito para as categorias de base do São Paulo: a competição faz parte da formação e, para estar pronto para estrear no profissional, o jogador tem que ter sofrido a pressão dos jogos decisivos que valem um campeonato.

“Essa é uma coisa que queremos mudar, que a formação venha acompanhado da competição, porque a competição faz parte do processo de formação. Não se forma o bom jogador sem o expor na competição na busca por um título”, explicou o diretor, em entrevista ao ESPN.com.br.

O problema é que, oito meses após essa mudança, veio uma nova decepção. Estreando na Copa do Brasil sub-20, o São Paulo enfrentou o Coritiba em dois jogos (ida e volta) e, sem conseguir vencer nenhum deles, acabou eliminado da competição. O resultado ruim chamou de novo a atenção para o clube, que tem mantido fortes investimentos na base, mas ainda sente falta de títulos na categoria.

“Teve esse problema grande. Na Copa São Paulo teve essa mudança, mas aí veio essa desclassificação precoce na Copa do Brasil sub-20 para um clube que também já vem fazendo um trabalho de base. Claro que desagrada, mas até estava dentro do previsto para esse período. As mudanças vão acontecer com o tempo”, completou.

Mesmo com os dois grandes ‘vexames’, o ano das categorias de base do São Paulo ainda não está perdido. O time já foi eliminado do Campeonato Paulista sub-17, mas se mantém vivo no Paulista sub-20 e vai disputar as oitavas de final do torneio neste domingo, contra o Velo Clube. 

Se não garantir títulos, o clube pelo menos terminará 2012 satisfeito com os dividendos gerados na base com a venda de Lucas (R$ 108 milhões para o PSG), Oscar (R$ 15 milhões para o Internacional e depois mais R$2,9 milhões pelo negócio do meia com o Chelsea), e Bruno Uvini (R$ 7,7 milhões para o Napoli). Em 2013, no entanto, a história será diferente - pelo menos é o que promete René Simões: "Na Copa São Paulo, vamos competir para ser protagonists e brigar pelo título". 


# Compartilhar: Facebook Twitter Google+ Linkedin Technorati Digg

Postar um comentário





 
Copyright © 2014 São Paulo F.C Tricolor